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12 de maio: Dia Internacional da Sanidade Vegetal

Categoria: Meio ambiente

ATIVIDADES DE REFLORESTAMENTO POR MEIO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS:

Reflorestamentos, em geral, consistem em repovoar áreas desmatadas para recuperar as florestas que foram destruídas em um passado recente.

Devido à perda de grandes massas florestais, vitais para absorver CO2, gerar oxigênio e estabilizar as mudanças climáticas, o plantio intensivo de árvores de forma convencional, ou através de sistemas agroflorestais (SAFs), torna-se necessário para evitar a perda de ecossistemas e frear a deterioração do planeta.

Portanto, o reflorestamento contribui para a conquista de diversos objetivos, todos eles voltados à recuperação dos ciclos da natureza, proporcionada pela recomposição das florestas.

Em 12 de maio comemora-se o Dia Internacional da Sanidade Vegetal, data instituída em 2022, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Um dos objetivos da data é dar maior atenção à melhoria da saúde dos solos, das sementes e dos polinizadores. Por trabalhar com várias espécies vegetais em consórcio, os sistemas agroflorestais são uma alternativa eficiente para restauração da vida do solo e do ecossistema.

A excessiva exploração dos recursos naturais é a principal causa atribuída ao ser humano no que se refere à desertificação e, como resultado desse desequilíbrio, temos chuvas pouco constantes, períodos mais longos de secas, erosão do solo e das terras pobres, ou ainda os incêndios florestais causados pelas mudanças climáticas. Diante deste cenário, o reflorestamento se revela como uma das estratégias mais efetivas para reverter esse panorama.

As florestas abrigam mais de 80% de todas as espécies de vida terrestre do mundo, são mais de 60.000 espécies arbóreas, 80% dos anfíbios, 75% das aves e 68% dos mamíferos. Sua degradação e desaparecimento condena centenas de espécies à extinção e à perda crescente da biodiversidade.

A atividade do ser humano causa emissões anuais de aproximadamente 40 Gt (gigatonelada) de CO2. A metade desses gases fica na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, e a outra metade é absorvida pelas florestas e oceanos.

Reflorestar é, então, fundamental para nossa própria subsistência: as florestas são imprescindíveis para frear as mudanças climáticas; sem elas, a temperatura média do planeta continuará aumentando, com a consequente elevação do nível do mar e/ou do derretimento das geleiras e polos, entre outros efeitos climáticos.

As árvores das florestas, ao frearem a energia dos ventos e a força das chuvas, protegem o solo da erosão (solos erodidos e inférteis prejudicam a agricultura e favorecem os deslizamentos de terra e as inundações repentinas).

O reflorestamento em sistemas agroflorestais visa atenuar essa situação, preservando a fertilidade do solo com raízes bem fixadas. As bacias hidrográficas, por sua vez, revivem com a recuperação de nutrientes captados por essas raízes e postos em circulação por meio das águas, estruturando o solo para a prática de uma agricultura regenerativa e sustentável, acompanhando os ciclos sucessionais da natureza (Sintropia).

O desmatamento e seus efeitos sobre os habitats nos privam de nutrientes essenciais, além de ser a principal via de transmissão de doenças infecciosas emergentes. A degradação das florestas, sem um reflorestamento adequado, propicia a exposição dos seres humanos a doenças zoonóticas.

REFLORESTAMENTO ATRAVÉS DOS SAFs:

Estudo, planejamento e execução

O que é um SAF e o reflorestamento em sistema agroflorestal? 
Um SAF (Sistema Agroflorestal) pode ser entendido como uma forma de uso da terra onde espécies florestais, como árvores ou arbustos, são manejados de forma integrada com plantios agrícolas e, em alguns casos, com criação de animais, em uma mesma área, ao mesmo tempo ou de forma alternada. Dentre as importantes características que distinguem o SAF de outros modelos agrícolas, estão: a maior diversidade de espécies, a utilização de espécies arbóreas perenes e, no caso de um SAF multiestratificado (sucessional e biodiverso), a reprodução da estrutura e do funcionamento de uma floresta natural - como a sucessão florestal, a interação entre os componentes do sistema, sejam eles vegetais ou animais, e os níveis de cobertura das copas e do solo.

Legalmente, os SAFs são definidos como: sistemas de uso e ocupação do solo em que plantas lenhosas perenes são manejadas em associação com plantas herbáceas, culturas agrícolas, forrageiras, em uma mesma unidade de manejo, de acordo com um arranjo espacial e temporal, com alta diversidade de espécies e interações entre estes componentes.

REFLORESTAMENTO ou FLORESTAMENTO em SAFs

O manejo de um sistema agroflorestal procura imitar os processos que ocorrem na natureza, como a interação entre espécies, a ciclagem de nutrientes e a eficiência no uso da luz solar, possibilitando a redução, ou mesmo a eliminação, do uso de insumos externos (como fertilizantes e outros produtos industriais). Isso permite reduzir custos e aumentar a produtividade da área de cultivo. 

Quanto mais biodiverso é um SAF, mais ele contribui para o equilíbrio ecológico e para a redução de danos causados por pragas e doenças, sendo também capaz de suportar melhor as alterações cada vez mais frequentes do clima. É por isso que os SAFs são considerados mais equilibrados, resilientes e sustentáveis, se comparados aos sistemas convencionais.

O SAF adensado e diversificado entre espécies é um importante aliado na conservação da biodiversidade, assumindo o papel de verdadeiro refúgio da fauna nativa, proporcionando alimento e abrigo a aves, mamíferos, insetos e outros animais extremamente ameaçados pela perda dos ambientes naturais. 
A utilização de espécies vegetais nativas no SAF também pode auxiliar no repovoamento daquelas que, atualmente, encontram-se ameaçadas de extinção, como a palmeira juçara e a araucária, bem como outras espécies nativas.
Além disso, o sistema agroflorestal pode contribuir na melhoria da paisagem, auxiliando na recuperação dos serviços ecossistêmicos - que são vitais para a população humana - como a produção de água, regulação do clima, proteção contra erosão; além de promover o resgate de valores e identidades culturais das comunidades onde está inserido.

E como se faz ou se estrutura um SAF?

     1. Fazendo um estudo de campo
Em primeiro lugar, é necessário analisar o terreno e verificar as condições do local: desde o solo (profundidade, textura, fertilidade) até o clima (temporada seca ou úmida, sendo indispensável haver umidade), e o tipo de população que habita o ecossistema (fauna e flora nativas). 

     2. Escolhendo as espécies a serem plantadas conforme o Bioma da região, o plantio de estratificação e o arranjo florestal
O mais recomendável é escolher espécies nativas, mas também podem ser incluídas outras espécies de crescimento rápido, compatíveis com o solo e o clima. 
Mudas e sementes florestais devem ser de boa procedência e qualidade, para preservar suas características genéticas. A forma e o momento do transporte das mesmas também são importantes, evitando o sol ou as fortes correntes de vento.

     3. Escolhendo um método de plantio
É necessário preparar o terreno, escolher as ferramentas adequadas e optar pela técnica menos invasiva. Além disso, deve-se considerar a altura e a cobertura que a copa de cada nova árvore vai atingir para que as diferentes espécies não prejudiquem umas às outras. É importante ressaltar que o plantio não termina com a introdução dessas novas espécies florestais, pois deve ser elaborado um plano de monitoramento e manejo dos ciclos pós plantio.

COMO A COMUNIDADE-LUZ FIGUEIRA FAZ USO DE TODAS AS TÉCNICAS DE MANEJO AGROFLORESTAL EM UMA DE SUAS MAIS EXTENSAS ÁREAS DE CULTIVO: PROJETO SAF 2

As Terras do Sol, reconhecida como área de pasto (já que antigamente, antes de pertencer à Comunidade-Luz, tinha atividade com animais - gado para pastar), foi planificado o segundo projeto de sistemas agroflorestais - SAF 2 - com foco em produção de grãos e ciclos sucessionais para a regeneração da mata nativa; área esta que tem aproximadamente a dimensão de 4 hectares.

Foto A Este projeto foi organizado e dividido em áreas como platôs, ou patamares delimitados; cada um deles, por curvas de nível ou canais caminhos (detalhe na foto B).
Foto A Este projeto foi organizado e dividido em áreas como platôs, ou patamares delimitados; cada um deles, por curvas de nível ou canais caminhos (detalhe na foto B).
Foto B Áreas ou glebas com rotação de culturas e grãos - SAF 2 (detalhe).
Foto B Áreas ou glebas com rotação de culturas e grãos - SAF 2 (detalhe).

Os platôs 1, 2, 3 e 4 foram destinados, em suas glebas, como campo experimental para a produção de grãos com ciclos de rotação de culturas e mix de adubação verde para o melhoramento da estrutura e vida do solo, como também para as práticas de cultivo de grãos em sistema de plantio direto. Assim, cada platô está subdividido, a cada 10 metros, por linhas agroflorestais desenhadas em um arranjo florestal onde predominam as espécies adubadeiras e as espécies nativas, como princípio de regeneração e estabelecimento da área de reflorestamento. Dentre elas: eucalipto, gliricidia, tucaneiro, pau-formiga, mutambo, guapuruvu, ipê-rosa, cinamomo, além de outras espécies biodiversas.

Neste ciclo atual estamos implantando, através de mutirões (com membros da comunidade e colaboradores), o denominado platô 0 - patamar superior do projeto agroflorestal. Geograficamente ele representa o topo da colina, com a estratégia de estabelecer uma área de reflorestamento que permita o desenvolvimento da mata nativa para a preservação do solo e infiltração das águas por meio das raízes das árvores implantadas. Isso permite criar um reservatório e armazenamento das águas subterrâneas, alimentando e beneficiando toda a colina do SAF 2.

O projeto do SAF 2 nos ensina, e ao mesmo tempo evidencia, a capacidade regeneradora da natureza quando o ser humano participa e acompanha seus ciclos e seus ritmos, criando novas florestas e produzindo alimentos, simultaneamente.
Os sistemas agroflorestais, com foco em regeneração e reflorestamento, apresentam uma estratégia dinâmica e inteligente para estes tempos.

Visão geral da colina - SAF 2
Visão geral da colina - SAF 2
Visão do Platô 0, ainda descoberto
Visão do Platô 0, ainda descoberto

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